Por Vivian Nani Ayres
A Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP) é um projeto da Secretaria de Ensino Superior do Estado de São Paulo, assinado pelo então Governador José Serra, no ano de 2008. Este projeto que visa a ampliação de vagas no ensino superior público, assim como a formação de professores para suprir a demanda do ensino fundamental e médio da rede pública, conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo, FAPESP, da Fundação do Desenvolvimento Administrativo Paulista, FUNDAP, e da Fundação Padre Anchieta, FPA, (TV Cultura).
O projeto baseado no ensino à distância (EaD) prevê a formação de professores através de aulas virtuais (internet, canal digital da TV Cultura e um 0800) complementadas por uma porcentagem mínima de aulas presenciais e pelo auxílio de tutores que possam atender os alunos pelo telefone, internet ou pessoalmente. Serão utilizadas as estruturas das três universidades estaduais paulistas – USP, UNESP e UNICAMP – que deverão disponibilizar sua estrutura física e administrativa, além do quadro de professores.
Longe de negar as possibilidades e vantagens da utilização dos meios tecnológicos para o aprimoramento da educação, é primordial que se faça um esforço para avaliar corretamente os termos de tal projeto e suas possíveis conseqüências. Os problemas, que não são poucos, podem ser percebidos na sua própria justificativa – suprir a demanda de professores no ensino público fundamental e médio. Ora, de acordo com uma pesquisa realizada pelo MEC em 2007, com exceção das áreas de física e química, existem mais licenciados do que a demanda para dar aulas em todas as salas de 5ª série ao ensino médio: a demanda é de 725.991 docentes e há 1,4 milhão em exercício. Assim, fica claro que o problema não está na falta de professores, mas sim na falta de infra-estrutura, nos baixos salários e na precariedade das escolas públicas, o que leva os licenciados a optarem pelas escolas particulares ou, até mesmo, outras atividades.
Outra questão de suma importância é referente à qualidade do ensino à distância nos moldes da UNIVESP. Será possível garantir qualidade através da quantidade? Só inicialmente, serão oferecidas 6.600 vagas nas áreas de pedagogia, biologia e ciências, mas é difícil crer que um número maior de professores seja sinônimo de professores qualificados. Sem o acompanhamento presencial, será possível avaliar e suprir as necessidades dos futuros licenciados? É possível formar um professor que foi privado do contato direto entre professor/aluno e aluno/aluno? Será mesmo que os problemas que impedem as pessoas de ingressarem numa boa universidade, como a falta de recursos financeiros, a indisponibilidade de tempo ou a fraca base educacional serão resolvidos por aulas virtuais?
Os problemas que se pretende resolver através da implementação da UNIVESP são reais e bem conhecidos, no entanto, será este o melhor método? Mais uma vez, vemos problemas estruturais sendo “resolvidos” por medidas superficiais. As questões aqui levantadas são apenas iniciais, há muito que se discutir sobre o EaD, pois dentro da lógica das políticas educacionais atuais, este tipo de ensino questionável parece encontrar um campo bem fértil para se estabelecer definitivamente. É uma realidade de todos, não podemos ficar inertes diante de mais um projeto de precarização da educação.
Vivian Nani Ayres é aluna do segundo ano de História assim como diretora da atual gestão do CAHIS.
A Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP) é um projeto da Secretaria de Ensino Superior do Estado de São Paulo, assinado pelo então Governador José Serra, no ano de 2008. Este projeto que visa a ampliação de vagas no ensino superior público, assim como a formação de professores para suprir a demanda do ensino fundamental e médio da rede pública, conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo, FAPESP, da Fundação do Desenvolvimento Administrativo Paulista, FUNDAP, e da Fundação Padre Anchieta, FPA, (TV Cultura).
O projeto baseado no ensino à distância (EaD) prevê a formação de professores através de aulas virtuais (internet, canal digital da TV Cultura e um 0800) complementadas por uma porcentagem mínima de aulas presenciais e pelo auxílio de tutores que possam atender os alunos pelo telefone, internet ou pessoalmente. Serão utilizadas as estruturas das três universidades estaduais paulistas – USP, UNESP e UNICAMP – que deverão disponibilizar sua estrutura física e administrativa, além do quadro de professores.
Longe de negar as possibilidades e vantagens da utilização dos meios tecnológicos para o aprimoramento da educação, é primordial que se faça um esforço para avaliar corretamente os termos de tal projeto e suas possíveis conseqüências. Os problemas, que não são poucos, podem ser percebidos na sua própria justificativa – suprir a demanda de professores no ensino público fundamental e médio. Ora, de acordo com uma pesquisa realizada pelo MEC em 2007, com exceção das áreas de física e química, existem mais licenciados do que a demanda para dar aulas em todas as salas de 5ª série ao ensino médio: a demanda é de 725.991 docentes e há 1,4 milhão em exercício. Assim, fica claro que o problema não está na falta de professores, mas sim na falta de infra-estrutura, nos baixos salários e na precariedade das escolas públicas, o que leva os licenciados a optarem pelas escolas particulares ou, até mesmo, outras atividades.
Outra questão de suma importância é referente à qualidade do ensino à distância nos moldes da UNIVESP. Será possível garantir qualidade através da quantidade? Só inicialmente, serão oferecidas 6.600 vagas nas áreas de pedagogia, biologia e ciências, mas é difícil crer que um número maior de professores seja sinônimo de professores qualificados. Sem o acompanhamento presencial, será possível avaliar e suprir as necessidades dos futuros licenciados? É possível formar um professor que foi privado do contato direto entre professor/aluno e aluno/aluno? Será mesmo que os problemas que impedem as pessoas de ingressarem numa boa universidade, como a falta de recursos financeiros, a indisponibilidade de tempo ou a fraca base educacional serão resolvidos por aulas virtuais?
Os problemas que se pretende resolver através da implementação da UNIVESP são reais e bem conhecidos, no entanto, será este o melhor método? Mais uma vez, vemos problemas estruturais sendo “resolvidos” por medidas superficiais. As questões aqui levantadas são apenas iniciais, há muito que se discutir sobre o EaD, pois dentro da lógica das políticas educacionais atuais, este tipo de ensino questionável parece encontrar um campo bem fértil para se estabelecer definitivamente. É uma realidade de todos, não podemos ficar inertes diante de mais um projeto de precarização da educação.
Vivian Nani Ayres é aluna do segundo ano de História assim como diretora da atual gestão do CAHIS.