terça-feira, 21 de abril de 2009

Resenha do filme “The Magdalene Sisters” de Peter Mullan

Por Larissa Artoni


Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza de 2002, o filme As irmãs de Maria Madalena é baseado em fatos reais e conta a história de mulheres que viviam nos Lares Madalena, na Irlanda, durante a década de 60. Estes “asilos” eram administrados pelas Irmãs de Misericórdia da Igreja Católica e abrigavam jovens que eram mandadas para lá por suas famílias. Os motivos eram os mais variados, como ser mãe solteira, vítima de estupro, ser bonita demais (o que poderia gerar futuros pecados) ou ter problemas mentais.
Dentro da instituição, as mulheres eram obrigadas a viver confinadas por período indeterminado, e têm que trabalhar lavando roupa 364 dias por ano como forma de lavar também seus pecados. Elas são submetidas a todo o tipo de humilhação, incluindo estupros, surras, má alimentação e terem seus filhos levados à força. Há relatos de sobreviventes que contam que em troca de absorventes higiênicos eram obrigadas a manter relações sexuais com os cardeais ou a fazer sexo oral para não serem espancadas. O filme mostra a vida e o comportamento dessas jovens, tendo que lidar, em plena época de liberação sexual, com uma autoridade religiosa, celibatária e opressora. O mais absurdo é que o último Lar Madalena foi fechado somente em 1996 e por motivos econômicos (com a popularização das máquinas de lavar o trabalho das meninas nessas lavanderias era muito menor) e não por motivos humanitários. Somente após 1996 foram encontradas ossadas de muitas mulheres que ali viveram. Algumas das sobreviventes relataram a vida nesses asilos no documentário Sex in a Cold Climate, documentário este que foi a base do filme.
O diretor do filme procurou não utilizar os relatos mais horrendos, focalizando a visão do filme na lavagem cerebral realizada nas meninas que, muitas vezes, chegavam a passar a vida inteira nesses locais. Com essa lavagem cerebral as meninas que fugiam ou mesmo após libertadas pelo família (único jeito de obter a liberdade) não conseguiam ter uma vida normal, tinham em mente que o sexo era sujo e muitas até voltavam para os asilos pelo desprezo da sociedade uma vez que havia forte propaganda da Igreja de que as meninas das lavanderias eram prostitutas que se redimiam (por isso Madalena)